Ah o amor… Ele chega sem avisar, sem cerimônia, abrindo as portas e janelas, deixando o sol entrar, o mofo sair. Pinta as paredes do coração em tons alegres com essa felicidade juvenil, enquanto o cheiro de casa nova e pão quentinho se espalham aqui dentro. O amor é cego. Cego e pronto. A pessoa se transporta à um mundo cor de rosa, uma neblina de algodão doce, música que toca e se repete incansáveis e incontáveis vezes. E nesse cosmos paralelo, já vou logo avisando; melhor que abram seus olhos, porque amor só sobrevive se souber caminhar.
Isso mesmo. Amor não pode estagnar, sentar na cadeira de balanço a fim de tomar o sol da manhã e não levantar mais. É preciso ter cuidado para não ficar parado no tempo, na chuva. Não dá para encostar ele ali, naquele muro, e voltar pra pegar depois, enquanto você dá uma volta. Amar é um exercício, uma eterna corrida com você mesmo, andar de bicicleta sem soltar as mãos. Do amor não se descansa, não desiste.
Infelizmente. Amor não é tudo. Sem esmero, dedicação, zelo ele estilhaça no piso frio no primeiro tropeço. Com sorte, no segundo ou terceiro tombo. O amor é mais de meio caminho andado numa trilha com pétalas de rosas e luz de velas. Mas para atravessar o percurso ele necessita de ajuda, precisa dar as mãos, com cautela, para não vacilar. Sim, o amor enxerga mas não vê, portanto não sobrevive em coração onde não há respeito, confiança e admiração. Sem esses três pilares ele se perde na trilha, desvaira, espuma, sangra, desfalece. Morre.
Respeito é o oposto do pé na porta, é ombro amigo, o sorriso calado que tudo diz, abraço do amigo de infância, paciência sem fim. Coisa rara e preciosa.
A confiança, vou te contar, é uma planta bem bonita que brota dentro da gente. Ela traz a certeza de que fomos escolhidas dentre tantas flores, e que não há orquídea ou hortênsia, que faça o outro tirar os olhos da nossa roseira.
E a admiração eu canto como “fogo que arde sem se ver”, porque os olhos se transformam em diamantes, fumegando apreço e bem querer.
Por isso eu digo; o amor é um cara grande e forte, um tanto míope, que se joga lá do alto porque de altura não tem medo. Confia tanto no seu tamanho, na sua pureza e verdade, que acaba fechando os olhos para o mundo à sua volta.
É hora de desatar os nós de dentro do peito e adorar sem susto, sem pudor. Que o amor, ainda que cego, não abandone os seus companheiros. E que sejam felizes para sempre…
POR KAREN CURI
EM COLUNISTAS
A Cinthia e o Paulo já passaram por aqui relembre o ensaio de noivos.
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